O litoral de São Paulo enfrenta um cenário alarmante: subiu para 739 o número de pinguins-de-magalhães (Spheniscus magellanicus) encontrados mortos nas cidades de Cananéia, Iguape e Ilha Comprida. Os dados, divulgados pelo Instituto de Pesquisas Cananéia (Ipec), refletem um aumento significativo entre os dias 15 e 21 de agosto, caracterizando um “encalhe em massa” de aves em avançado estado de decomposição. Um novo balanço do Ipec está previsto para esta quinta-feira (22).
Especialistas indicam que os encalhes podem estar ligados a múltiplos fatores, como escassez de alimento, interferência humana, interação com redes de pesca e o período migratório da espécie. O biólogo Alex Ribeiro explicou que muitos dos pinguins mortos são jovens, o que pode ter contribuído para sua desorientação durante a migração. Segundo ele, a proximidade com as praias teria levado os animais a ficarem à deriva, sem acesso a alimento suficiente.
A migração dos pinguins-de-magalhães ocorre entre junho e setembro e é considerada desafiadora. Muitos chegam debilitados às águas do Sudeste, região que não oferece a nutrição necessária para o fortalecimento dos animais. Rafael Santos observou que a maioria das aves encontradas é composta por filhotes magros, reforçando a gravidade do episódio.
Embora o número de mortes seja incomum em um curto período, William Rodriguez Schepis destacou a necessidade de análise detalhada das carcaças para identificar as causas exatas da mortalidade. O acompanhamento do Ipec continuará nos próximos dias para monitorar a situação e orientar medidas de conservação.