Ronaldo Caiado conseguiu o que buscava há meses: retirar o União-PP do governo Lula. A manobra, antecipada em diversas reportagens do Conexão Política, se alongava nos bastidores do Planalto desde o fim de 2024, com pressão sobre articulações do bloco governista.
Nos últimos meses, Caiado vinha atuando para romper definitivamente com a ala aliada a Lula. Apesar da resistência interna e da perda momentânea de força na disputa contra lideranças que defendiam a manutenção de cargos e ministérios, o governador goiano insistiu em abrir caminho para consolidar sua pré-candidatura à Presidência em 2026. Parte da sigla, inclusive, tentava barrar seu nome para evitar o afastamento do governo.
Inconformado, Caiado passou a minar bases internas e costurar apoios com lideranças insatisfeitas com o governo Lula. O gesto mais pontual foi o lançamento de sua pré-candidatura em Salvador, reduto histórico do PT, o que funcionou como recado à própria sigla: a liderança partidária passava a ser testada em campo adversário.
Desde então, ele começou a reunir apoios para garantir a retirada total do União da base governista, impondo risco de expulsão a quem resistisse. Outro ponto ocorreu em 7 de agosto, quando Caiado reuniu governadores em São Paulo para discutir a anistia ampla aos investigados do 8 de janeiro.
A posição defendida pelo goiano incluía o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), ponto de divergência com outros líderes que preferiam excluí-lo da proposta. Ele também passou a defender o fim do foro privilegiado, argumentando que parlamentares não devem permanecer sob a jurisdição do Supremo Tribunal Federal.
A estratégia rendeu frutos. Com a debandada confirmada, Caiado não apenas garantiu a saída do União-PP da base aliada, como também acelerou o avanço da anistia no Congresso. A contagem interna já supera 350 votos favoráveis, número superior ao necessário para a aprovação na Câmara. A próxima entrave, agora, é tentar coordenar o mesmo carimbo no Senado, Casa onde atuou por longos anos e mantém trânsito político.
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