Após Censo registrar 2,4 milhões de autistas no Brasil, plataforma quer revelar quem são essas pessoas e como vivem
Pela primeira vez, o Censo Demográfico de 2022, divulgado em maio pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), incluiu um levantamento sobre pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). O resultado revelou que cerca de 2,4 milhões de brasileiros têm diagnóstico de autismo.
Apesar de histórico e necessário, o dado ainda deixa muitas perguntas sem resposta: quem são essas pessoas, onde vivem, como estão inseridas na sociedade e qual é a real dimensão do impacto do TEA no país?
Sanar essas lacunas é justamente a missão do Mapa Autismo Brasil (MAB), uma plataforma online e independente que busca traçar um perfil clínico e sociodemográfico das pessoas com TEA no Brasil.
Idealizada pela pesquisadora Ana Carolina Steinkopf, a iniciativa pretende ir além do número absoluto e entender as histórias por trás dos diagnósticos. “Precisamos conhecer a pessoa autista para além do diagnóstico. É fundamental entender quais são os impactos sociais do autismo na vida dessa pessoa e na sociedade”, defende.
Segundo Ana Carolina, a ausência de informações detalhadas compromete diretamente o acesso a direitos básicos, como saúde, educação, transporte, trabalho e assistência social. “Com essas respostas, conseguimos trazer soluções efetivas para a pessoa autista e para toda a comunidade”, ressalta.
O Mapa Autismo Brasil pretende reunir dados mais aprofundados, produzidos a partir de questionários e relatos diretos das famílias e dos próprios autistas, criando um panorama mais fiel à realidade.
Para a pesquisadora, esse conhecimento é fundamental para orientar políticas públicas e garantir inclusão efetiva. “Sem dados, a pessoa autista continua invisível para o poder público e para a sociedade”, conclui.