Anchorage (EUA) – Um aperto de mão firme, sorrisos controlados e uma encenação diplomática milimetricamente planejada marcaram a chegada do ex-presidente norte-americano Donald Trump e do presidente russo Vladimir Putin à Base Aérea Conjunta Elmendorf-Richardson, no Alasca, nesta sexta-feira (15). O encontro, o primeiro entre os dois líderes desde 2019, abre a chamada Cúpula do Alasca, voltada para negociações sobre a guerra na Ucrânia.
O momento, acompanhado por um tapete vermelho e uma vistosa demonstração de poder militar — com sobrevoo de um bombardeiro B-2 Spirit escoltado por caças F-35 —, teve forte carga simbólica. Trump desceu lentamente da aeronave, segurando no corrimão, enquanto Putin caminhou de forma confiante. Ao se encontrarem, trocaram um aperto de mão descrito por observadores como “caloroso, mas calculado”, seguido de uma leve batida no braço do russo por parte de Trump.
Especialistas em linguagem corporal apontaram que, apesar da cordialidade, ambos exibiram sinais de autoproteção: Trump ajustando constantemente o paletó e Putin mantendo uma mão dentro da jaqueta. Ainda assim, o sorriso do líder russo e a aproximação física de Trump indicaram uma tentativa de suavizar o clima.
A reunião, inicialmente prevista para ocorrer apenas entre os dois presidentes, ganhou a presença de assessores de alto escalão, incluindo o senador Marco Rubio e o empresário Steve Witkoff pelo lado americano, e o chanceler Sergei Lavrov e o conselheiro Yuri Ushakov pela Rússia. O objetivo, segundo fontes próximas, é dar mais peso institucional ao encontro e acelerar propostas de cessar-fogo.
A guerra na Ucrânia já deixou mais de 1,2 milhão de mortos e feridos, e a expectativa em torno da cúpula é alta. Trump busca se apresentar como mediador capaz de encerrar rapidamente o conflito, enquanto Putin tenta obter garantias contra a expansão da Otan e aliviar sanções econômicas impostas pelo Ocidente.
O clima, que começou cordial, ficou tenso durante a coletiva de imprensa conjunta, quando jornalistas direcionaram perguntas incisivas a Putin. O presidente russo reagiu de forma ríspida, enquanto Trump demonstrou desconforto.
Ainda assim, a imagem do aperto de mão no Alasca já circula pelo mundo como símbolo de uma possível reaproximação — ou, pelo menos, de um raro momento de diplomacia em meio a um cenário de guerra prolongada.
