O Maior Circuito de compras da América Latina?

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Em meio à onda de decretos, tanto municipal quanto estadual que paralisaram dezenas de empreendedores e aniquilam o comércio da cidade, surge mais uma pauta para tirar o sono dos comerciantes e empresários de Campo Limpo Paulista, o obscuro caso da “Feirinha da Madrugada Oficial”.

Foi esse o tema que os empreendedores campo-limpenses, abandonados pela iniciativa pública, viram surgir de maneira polêmica na última semana.

Há alguns dias Campo Limpo Paulista e região têm recebido, em meio a um mar de dúvidas e esperança, a notícia da implantação do empreendimento dito por seus idealizadores como o “maior circuito de compras da América Latina”.

Entre estes empreendedores, quem surge fazendo muito barulho é Diego Araújo Agiani, conhecido como “Diego Di”.

O empresário têm divulgado, em suas redes sociais, vídeos em Campo Limpo anunciando a implantação de um conjunto de lojas denominada “Feirinha da Madrugada Oficial”.

De acordo com Diego, o empreendimento tem a capacidade de atrair cerca de 5 mil lojas e seu local comportaria até 300 ônibus em seus estacionamentos.

A proposta do empreendimento seria atrair lojistas e revendedores de todo Brasil, atuando no mercado de atacado e varejo sob a ótica de um “shopping popular”.

A princípio, a promessa tem agradado a população, que há vários anos aguarda um novo empreendimento na cidade, mesmo que seja idealizado a poucos meses das eleições municipais.

No entanto, até o momento, nada de concreto foi informado pelo próprio empresário, que deixa um tom de suspense em seus vídeos.

A redação do @portalfolha tentou contato com o empresário por várias oportunidades até o fechamento da matéria, mas não houve retorno.

Prefeitura disse não ter qualquer informação sobre a implantação de um conjunto de lojas na cidade

Procuramos a prefeitura de Campo Limpo para saber sobre o processo de implantação do tão aclamado empreendimento na cidade, mas nada foi esclarecido.

O Vereador Marcelo de Araújo afirmou à equipe do @portalfolha que solicitou informações das secretarias responsáveis para avaliar novos empreendimentos na cidade.

O Parlamentar informou que recebeu retorno dos referidos departamentos dizendo que, até a presente data, não receberam qualquer informação oficial a respeito da chegada de um centro comercial a cidade.

Com base nessa resposta, que causou muita estranheza, nossa equipe resolveu aprofundar a reportagem e averiguar um pouco mais a fundo como funciona a Feira da Madrugada e quem são seus responsáveis.

A Feira da Madrugada e seus impactos

O formato “Feira da Madrugada” é nacionalmente conhecido por revender produtos com preços relativamente baixos. Geralmente se localiza em locais amplos, comportando uma alta concentração de ambulantes formais e informais.

Devido à grande concentração de comerciantes, o poder público tem enorme dificuldade para exercer plena fiscalização, o que pode facilitar a venda de produtos contrabandeados ou “piratas”. 

No entanto, em alguns empreendimentos, com raras exceções, é possível localizar comércios estruturados, renomados e legalizados dentro dessa modalidade de feira.

Imagens Feira da Madrugada – Brás

Espalhadas pelo Brasil, essas feiras populares têm vários nomes, como Camêlodromo, Shopping dos Importados, Shopping Popular, Feirão dos Ambulantes e etc, variando de acordo com a localidade.

Ainda assim, um dos grandes problemas das “Feiras da Madrugada” é que – como o próprio nome diz – elas acontecem de madrugada, iniciando suas atividades após as 22 horas e as estendendo até o início da manhã seguinte.

Dessa forma, são gerados problemas, principalmente quando em seu entorno existem moradias, devido à alta concentração de pessoas, movimentação de veículos de carga, ônibus, revendedores e consumidores.

Outro dano gerado por esse tipo de empreendimento se dá para os comerciantes locais, pois implementa uma forte concorrência, com empreendedores que já trabalham com este formato em outras feiras e geralmente não residem no local em que ela está estabelecida.

Muitas vezes esse tipo de comércio é considerado predatório, aniquilando os negócios que estão instalados na cidade e na grande maioria dos casos, não são pertencentes aos munícipes.

Também é difícil de averiguar a contribuição positiva quanto aos tributos pagos para a cidade, uma vez que, em sua maioria, tratam-se de microempreendedores individuais ou informais, que tem um alto volume de vendas sem emissão de nota fiscal. Devido a aglomeração, se torna difícil fiscalizar os empreendimentos, mesmo para as grandes metrópoles como São Paulo e Rio de Janeiro.

Desse modo, geralmente as Feiras da Madrugada trazem pouca arrecadação para os cofres públicos, além de criar um baixo índice de empregos formais, uma vez que essa modalidade de trabalho prioriza o empreendimento individual ou familiar e, ainda, impõem as prefeituras gastos com limpeza de vias públicas, manutenção de estradas e principalmente segurança.

Isso se dá devido ao fato de que a alta concentração de pessoas presentes com o intuito de realizar compras atrai olhares do crime, aumentando assim o índice de assaltos na região de suas instalações. Isso é exemplificado pela Secretária de Segurança Pública do Estado de São Paulo, que monitora estes números em regiões de comércio popular como Brás e 25 de Março.    

Local da possível implantação

O local apontado por Agiani para implantar a feira seria onde funcionava a fábrica Vitrotec, na região dos bairros Marsola e Monte Alegre, que paralisou parte de suas atividades naquela unidade.

Embora amplo, o espaço está localizado em meio a grandes bairros residenciais, o que pode ocasionar mudanças significativas na vida dos moradores e comerciantes locais.

Com isso, torna-se obrigatória a realização de audiências públicas para rever a execução do plano diretor e suas atividades possíveis, além dos impactos causados pela implementação do empreendimento no local, devido a alteração da atividade empresarial.

A empresa “Feirinha da Madrugada Oficial”

Segundo a Junta Comercial do Estado de São Paulo (JUCESP), a Feirinha da Madrugada Oficial se trata de uma empresa, na modalidade EIRELI, constituída em 16/04/2019 e que tem como sócio diretor assinante Diego Araújo Agiani.

A empresa, com sede no bairro do Pari em São Paulo, embora prometa investimentos cujo os rendimentos se assemelham a Multinacional ThyssenKrupp, tem declarado um capital social de apenas R$ 200 mil.

Fica claro não se tratar da tradicional Feira da Madrugada, estabelecida na capital paulista, e sim de uma empresa que adotou como nome fantasia comercial o de “Feirinha da Madrugada Oficial”.

Sede da empresa “Feirinha da Madrugada Oficial – EIRELI”

O histórico recente possui complicações

Como foi verificado por nossa redação, segundo publicação da revista Veja-SP o empresário Diego Agiani passou por  problemas quando implementou sua empresa dentro de um espaço que faz parte do Canindé, pertencente ao tradicional clube Portuguesa de Desportos, em São Paulo.

Confira nos links da oficiais:

https://vejasp.abril.com.br/cidades/clube-portuguesa-crise/

Conforme apurado, a “Feirinha da Madrugada Oficial – Eireli” teve que deixar o local pois a Lusa solicitou sua a reintegração de posse, ocasionando no despejo do empreendimento.

A ação, segundo o clube se deu devido à falta de pagamento dos aluguéis e após a prefeitura de São Paulo multar em mais de R$ 400 mil a Portuguesa, por não apresentar alvará e licenças necessárias para implantar a feira, informação contestada por Agiani que recorreu à justiça onde trava uma batalha.

Checagem das reportagens divulgadas pelo empresário

Desde que o assunto “Feira da Madrugada” surgiu, o empresário Diego Agiani divulga nas redes sociais imagens de recortes de veículos conhecidos (como Revista Veja-SP, Jornal Folha de São Paulo e Jornal Agora) que – supostamente – fazem menção a seu nome.

Entretanto, as imagens divulgadas pelo empresário não coincidem com as originais publicadas nas paginas oficiais de revistas e jornais mencionados por Agiani. A própria revista Veja-SP é taxativa em descrever o histórico de Diego Araújo como “complicado”, destacando a enrascada que envolveu um dos mais tradicionais clubes paulistas, conforme recorte da própria revista.

Outro fato que chama atenção nas postagens de Diego são imagens divulgadas como sendo originárias do local das obras para o empreendimento em Campo Limpo.

No entanto, a imagem é, na verdade, de uma empresa que forma profissionais para operar máquinas de terraplenagem e que desconhece o intuito da participação de suas imagens no empreendimento bem como suas razões.

https://www.sobratema.org.br/Noticias/Exibir/184951

Matéria divulgada pelo empresário
Edição retirada do portal oficial

O Jornal Folha da Cidade, através do Portal Folha, é um dos mais tradicionais veículos de informações de Campo Limpo Paulista e quer contribuir com a população campo-limpense para seu desenvolvimento.

Temos como compromisso principal a informação e a verdade. O conteúdo aqui expressa a preocupação de parte da população entre moradores, empresários e comerciantes.

Também nos colocamos totalmente à disposição dos possíveis empreendedores, inclusive do senhor Diego Araújo Agiani e dos sócios da empresa Feirinha da Madrugada Oficial-EIRELI para usar este espaço a fim de esclarecer dúvidas e colaborar para expansão comercial e industrial da cidade.

Entretanto, apoiamos que tudo seja feito dentro da legalidade e responsabilidade, aferindo impactos e preservando a vida e o convívio social de todos os cidadãos.

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